2007/03/22

Homilia 18 de Março

Fica aqui publicada a homilia proferida no dia 18 de Março, no Encontro Nacional da Família de Schoenstatt em Lisboa, por ocasião do 60º aniversário da passagem do P. Kentenich por Portugal.

Querida Família de Schoenstatt de Portugal!

Vivemos hoje um dia 18 muito especial. Com grande esforço de muitos e depois de longas viagens, reunimo-nos em Lisboa. Aqui, nos lugares que o Padre Kentenich visitou há 60 anos, encontrámo-nos com ele, nosso Pai, nosso Fundador, nosso Profeta de Maria.

Nesta Eucaristia, agradecemos a Deus por tudo o que recebemos deste homem santo: o nosso Movimento, a nossa espiritualidade, o Santuário, a Aliança de Amor com a Mne e Rainha, a Campanha da Mãe Peregrina. Agradecemos por uma vida extraordinariamente rica e abençoada, agradecemos porque esta vida se cruzou há 60 anos com Portugal e se cruza hoje com as nossas vidas.

O Evangelho que acabamos de ouvir fala-nos de um jovem. Um filho que resolve cortar os laços que o ligam à sua casa e ao seu pai, partindo para longe, para viver uma aventura. Este rapaz significa cada um nós, sempre que nos afastamos de Deus. Mas simboliza muito mais ainda. Trata-se de uma parábola sobre a humanidade desenraizada. A humanidade que avança pelo tempo e pela História, tantas vezes ignorando o laço fundamental que a liga a Deus, Pai e Criador, Senhor do tempo e da História.

O episódio do Evangelho tem no entanto uma segunda parte, que faz dele uma história de esperança e de alegria. O jovem, a certa altura, cai em si, reflecte e toma uma decisão: vou voltar para casa de meu pai. Põe-se a caminho, e logo que começa a avistar a sua casa, é ele próprio avistado pelo pai, que corre ao seu encontro, emocionado e feliz por este regresso. O jovem reencontra o seu lar, reencontra o seu pai, descobre que é infinitamente amado, encontra um lar no coração do pai.

A primeira leitura reforça esta ideia. O povo de Israel, depois de séculos de escravidno e de anos de vida nómada no deserto, chega à terra que Deus lhe tinha prometido, à terra de Canaã. É também uma história de um povo que encontra finalmente o seu lar, longamente desejado.

Nós, que aqui estamos hoje reunidos, encontrámos um lar em Schoenstatt, a nossa terra prometida. Encontrámos um lar em cada um dos nossos Santuários. Encontrámos um lar nesta família a que nos sentimos pertencentes. Encontrámos um lar no coraçno imaculado de Maria, com quem selámos uma Aliança de Amor. No coração de Maria, Mãe Peregrina, que todos os meses visita as nossas casas e as nossas famílias. Encontrámos um lar no coração do Pai que a todos nos une como uma só grande família.

Hoje queremos sobretudo pensar que, tal como o jovem do Evangelho, também nós encontrámos um Pai. Um Pai que hoje nos quer dizer que ama cada um de nós. Um Pai que nos abraça. O nosso Pai é Profeta. É um homem que tem uma grande visão, a visão de um mundo novo, e que nos dá uma grande missão: sermos instrumentos nas mãos de Maria, nossa Mãe e Rainha, e lutarmos para que todo o mundo encontre o seu lar, se encontre de novo com Deus Pai, e toda a humanidade se torne uma família, a família de Deus. Por isso batalhamos todos os dias por fortalecer laços, vínculos com o Santuário, com a Mãe do Céu, laços entre nós. Por isso estamos aqui hoje. Para que estes laços se tornem mais fortes.

Por isso não descansamos. Queremos ser apóstolos, construtores deste universo de laços de amor que vivemos em Schoenstatt e que queremos que contagie o mundo inteiro. Para que, como dizia o P. Kentenich, todo o mundo seja um grande Schoenstatt.

A celebração que hoje vivemos é o ponto de partida para uma etapa nova e intensa do nosso caminhar. Daqui a três anos, em 2010, vamos estar a celebrar os 50 anos da fundação de Schoenstatt em Portugal. E alguns anos depois, em 2014, serão os 100 anos da fundação do Santuário original e do Movimento, os 100 anos da primeira Aliança de Amor. Celebrações jubilares são tempos de renovação. Queremos agradecer por uma história cheia de graças e de bênçãos. E queremos sobretudo deixar-nos enviar como apóstolos de um mundo novo.

Numa época dolorosa da sua vida, preso num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, o P. Kentenich escreveu versos cheios de esperança, uma visão desse mundo novo. Vamos ouvi-los, e depois fazer silêncio, para que estas palavras ressoem profundamente no nosso coração.

Conheces aquela terra, tão cálida e familiar,

que o Amor Eterno edificou para si;

onde corações nobres pulsam na intimidade

e alegres no sacrifício se aceitam mutuamente;

onde acolhendo-se uns aos outros,

ardem e fluem até ao coração de Deus,

onde com ímpeto brotam torrentes de amor

para saciar a sede de amor do mundo?

Conheces aquela terra, cidade de Deus,

que o Senhor construiu para si:

onde reina a veracidade

e a verdade domina e triunfa;

onde as santas normas da justiça

determinam o que se faz e o que se omite;

onde o amor une os corações e os espíritos

e o Senhor e Mestre empunha o ceptro?

Conheces aquela terra, preparada para o combate,

acostumada à vitória em todas as batalhas:

onde Deus se desposa com os fracos

e os escolhe como instrumentos;

onde todos confiam heroicamente n'Ele,

não se fiando nas próprias forças;

e estão dispostos a entregar por amor,

com júbilo, o sangue e a vida?

Eu conheço essa terra maravilhosa;

é o prado do sol, nos esplendores do Tabor,

onde Nossa Senhora três Vezes Admirável

reina no meio dos seus filhos predilectos

e retribui fielmente todos os dons de amor

manifestando a sua glória

e uma fecundidade ilimitada:

É a minha pátria, a minha terra de Schoenstatt.